Transtornos ansiosos são mais comuns do que hiperatividade
Todos nos sentimos ansiosos ou em pânico em alguns momentos, em qualquer fase da vida. O limite entre a normalidade e o problema de saúde está no quanto isso afeta o comportamento. Não é normal que uma criança se sinta excessivamente preocupada com o futuro ou tenha medo de uma festinha ou viagem. Assim como também não é normal (em qualquer idade) sentir dor de cabeça, falta de ar, náusea ou batimentos cardíacos acelerados – alguns dos sintomas de ataques de pânico.
Apesar de ser mais comum na idade adulta e final da adolescência, a síndrome do pânico pode ocorrer em crianças. Segundo o chefe do departamento de psiquiatria da infância da Santa Casa do Rio de Janeiro e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Fábio Barbirato, é raro encontrar crianças com síndrome do pânico propriamente dita; são mais corriqueiros transtornos ansiosos entre crianças e adolescentes. Isso foi atestado por uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), que avaliou a prevalência de transtornos psiquiátricos entre jovens de sete a 14 anos em cidades de médio porte e seus arredores no sudeste de São Paulo. O trabalho constatou que cerca de 7% das crianças sofrem de transtornos ansiosos – mais comuns do que depressão e hiperatividade, presentes em 1% das crianças.
Tratamento
Por volta dos três anos de idade, a criança já pode desenvolver transtornos de ansiedade, mas nesta idade ainda é muito cedo para tratamentos com terapia ou medicação. Assim, em vez de levar o pequeno ao consultório, quem vão são os pais, que recebem orientação de um profissional e atuam como “coterapeutas”. A partir dos seis anos de idade, quando o caso é entre leve e moderado, o tratamento indicado é a terapia comportamental.
Apenas em casos graves, o tratamento inclui, além da terapia, medicação – existem antidepressivos com doses adequadas para crianças. Ainda a respeito da medicação, Barbirato ressalta que, para crianças, nunca devem ser receitados calmantes. Segundo o psiquiatra, este é o único transtorno que tem comprovação científica de que o tratamento apenas com terapia é tão eficaz quanto o acompanhado por medicamentos, o que representa uma vantagem.
A partir do momento em que o problema é diagnosticado e se inicia o tratamento, os ataques de pânico podem ser amenizados e até evitados. Segundo Barbirato, na terapia, são ensinados exercícios de relaxamento e respiração que, se realizados quando a criança percebe o início da crise, ajudam a controlar a situação.
Síndrome é diferente de ataque
Há diferenças entre síndrome do pânico e ataques de pânico. Os ataques têm “gatilho”, podem ser provocados por situações específicas, identificáveis, como provas na escola, viagens, festas, ausência temporária dos pais ou outras situações em que a criança se sinta pressionada. Já na síndrome, os ataques não são ocasionados por fatores externos. Aqui, as crises costumam ser mais frequentes, intensas e duradouras.
É pouco comum que crianças tenham síndrome do pânico, mas não é raro que tenham ataques, e de acordo com artigo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, 59,5% dos pacientes adultos com transtorno de pânico apresentavam histórico de ansiedade na infância. Logo, mesmo que a criança tenha apenas ataques de pânico esporádicos, é bom procurar ajuda, pois há mais chances de que evolua para um problema mais sério.
As diferenças entre as crises de crianças e adultos estão principalmente na forma de apresentação. Enquanto os adultos relatam com facilidade o que sentem, as crianças tendem a internalizar, o que torna mais difícil o diagnóstico na infância. Os sintomas que podem ser percebidos nos pequenos são choro sem motivo aparente, isolamento e abandono de atividades que costumavam diverti-los. Em crianças maiores e adolescentes, a irritabilidade também é considerada um sintoma.
Informações Cartola – Agência de Conteúdo – Especial para o Terra
Fonte:http://primeirainfancia.org.br
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